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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eu estou "anestesiado", não sei você

Ainda há pouco, postei a imagem de Guernica do pintor Pablo Picasso,  um trabalho com efeitos em  3D,  e fiz uma pergunta, a todos nós: "Será que estamos nos acostumando com a violência praticada hoje, que nem nos sensibilizamos mais ao ver nos noticiários da TV, pessoas explodindo, pessoas sendo assassinadas, pessoas queimando, sofrendo torturas, atropelamentos, suicídios. Já nem choramos mais!?

A violência ao vivo de hoje é superior à que Picasso viu nas fotografias do bombardeio sobre Guernica durante a Guerra Civil espanhola, e que o chocou e o inspirou a tal obra.
Pessoas do mundo inteiro estão registrando as imagens e mostrando o que acontece de barbárie humana
no dia-a-dia.
O mundo ficou chocado com a pintura de Picasso em 1937, mas nem chora mais ao ver bombardeios, tsunâmis,  atentados, execuções, espancamentos...
Já nem choramos mais!?

O que está acontecendo???
Eu estou anestesiado.

Aos 17 anos de idade, trabalhava como office-boy para um escritório de contabilidade situado na Rua Augusta, tinha acabado de fazer um serviço, e na Av. Senador Queiroz havia uma parada de ônibus junto a uma banca de jornais, alí costumava dar uma parada  para ler algumas manchetes dos jornais pendurados, esperando o ônibus que iria tomar.
Um dia, havia as fotos sequenciais de um homem que em protesto à postura de um governo, ateou fogo no próprio corpo em frente a um palácio governamental, suicidou-se ali, em frente a guarda do palácio, ao fotografo e aos transeuntes. Quando vi as fotos,  fiquei tão chocado e abalado que sem conseguir falar nada! nem voltei ao trabalho, tomei o ônibus que ia em direção à minha casa. Cheguei mudo, e assim fiquei até dormir, chorando e lembrando da imagem que eu nunca tinha visto até então, e pensava na dor do mártir,  e na indiferença daqueles guardas. "-Conseguirá ele parar o país  e ter sucesso na sua causa?" Pensava nisso, o tempo todo.

Hoje não tenho chorado mais e tenho visto atrocidades piores.

Ontém morreu em um acidente de carro, um mensageiro de Deus que eu não conhecia,
 a Renata, minha companheira me mostrou que tipo de mensageiro que havia partido.
Compartilho hoje com vocês, uma mensagem passada por ele, uma mensagem que quero que me transforme, me renove,  me sensibilize e que eu não esqueça do que ela trata, até meu último dia.

Um comentário:

André Soares disse...

Devo estar tão anestesiado que nem considero minha indiferença como um costume visual...